Avisos: |
---|
Os personagens principais e os cenários pertecem ao grande C.S.Lewis. O Capítulo é meio longo porque o original eu dividi em três partes por causa dos assuntos. Mas é interessante. Confiram... |
A Grande Profecia de Nárnia
Capítulo 5: O Mistério da Rainha
Antes de começar a contar mais uma passagem dessa história, precisamos de um esclarecimento. Se os registros históricos do nosso mundo, por vezes, são incompletos ou contraditórios, os de Nárnia não poderiam ser diferentes. Há relatos de que reinaram duas pessoas com o nome de Cisne Branco, em épocas diferentes. Se são elas as mesmas pessoas, não posso garantir, pois sobre o segundo reinado não há muitos registros. Na verdade, quase nada explicando. O pouco que existe vem de tesmemunhos de narnianos, alguns um tanto duvidosos. Além de que no primeiro reinado, o que consta nessa história, há um grande mistério acerca da Rainha Cisne Branco. Como não há nada que esclareça esse mistério, existem muitas suposições e divagações. O que sei que é houve sim, um encontro dela com a Jadis, que vocês ficarão sabendo mais adiante, pois nesse momento, a Feiticeira Branca já partiu de Harfang levando consigo seu exército e planejando com o comandante Otmin a dominação de Nárnia.
Mas em Nárnia ainda havia muita movimentação por causa das notícias recentes. Em todo lugar que os esquilos e pássaros informavam sobre o acontecido, a notícia era recebida com espanto ou incredulidade. Também foi assim em Cair Paravel. General Sperdan, que estava como regente na ausência da Rainha, assim que recebeu a notícia, tomou duas providências imediatas. Mandou uma mensagem para a Rainha Cisne Branco, através de uma águia, e mandou reunir o exército do castelo. Mas para surpresa dele, a águia retornou antes que entardecesse aquele dia, pois o navio Grande Luar, que transportava a Rainha, já estava regressando ao Reino e atracaria no dia seguinte, provavelmente. A resposta que recebeu trazia um elogio a antecipação que ele tomou e um pedido que ninguém ficou sabendo o que era. O mais importante estava na resposta que a Rainha enviou através do grifo, que chegou mais rápido que a águia de Sperdan, a Nedamus, o sábio centauro. Ele leu o pergaminho que recebera e imediatamente tomou as providências.
Logo mais a noite, estavam todos reunidos. Todos os castores que Nedamus mandou que chamassem estavam aguardando que ele terminasse uma reunião com os outros centauros. Eram cerca de trezentos castores e todos estavam se perguntando o motivo de terem sido chamados. Mas não demorou muito para que o imponente centauro aparecesse na companhia de seu discípulo, Óruns. Trazia o rosto sereno e o pergaminho com a resposta da Rainha na mão direita. Ao ver tantos castores reunidos, Nedamus começou a falar.
- Valentes castores, obrigado por comparecerem. Como devem saber, Nárnia precisa de todos nós. A árvore que garantia que a maldade não entrasse em Nárnia foi destruída e precisamos nos cuidar para que não venha acontecer o pior.
- Sim, sabemos disso, grande Nedamus. - falou um castor que estava mais a frente, devia ser o lider deles. - Mas em que nós podemos ajudar? Numa guerra tudo bem, mas há um outro motivo para termos sido chamados em separado?
- Nossa Rainha toma decisões sábias e tenho certeza que dessa vez também acertou. Ela pede que todos os castores que puderem, sigam até os limites de Nárnia no norte e façam uma quantidade suficiente de armadilhas para atrasar a tropa da Feiticeira. Assim como eu, ela acredita que, se houve mesmo um encontro do anão com a Feiticeira, tudo não passou de um plano dela para dominar Nárnia. Enquanto vocês preparam nossa primeira defesa no norte, o restante de nós vai preparar a nossa defesa daqui.
- Você disse "tropa"? Então é verdade que ela montou um exército? - perguntou aquele castor tendo atrás de si os murmúrios dos outros.
- Sim, é verdade. Assim, nossa Rainha escreveu na carta: - Nedamus abriu o pergaminho e passou a ler um trecho da resposta. - "Cair Paravel sempre se manteve informado todos esses anos das ações da Feiticeira, justamente porque o próprio Leão alertou para perigos que ela traria vindo para Nárnia. Nesse momento posso confirmar que ela possui sim, um exército, mas não sabemos quantos a seguem. Regressando à Nárnia, a Feiticeira não irá perder tempo em querer destruir tudo que tanto amamos. Antes de qualquer coisa, reúnam todos os castores que puderem ajudar e os levem para os limites do norte para colocarem armadilhas e artifícios entre as árvores da floresta e os vales que ela provavelmente poderá passar. Isso não vai segurá-la, mas vai retardar tempo suficiente para prepararmos nossa defesa.". - uma breve pausa, e o centauro continuou: - E no final ela escreveu: "De qualquer forma, fico feliz por saber que Nárnia possui habitantes corajosos e preocupados com o bem-estar do Reino. Esse certamente é um fato que será lembrado durante vários anos, aconteça o que acontecer. Peço a todos que tenham força e fé, porque o Grande Leão ficará feliz em saber que o povo de Nárnia não se entrega diante do inimigo”.
E Nedamus terminou de ler o trecho, abaixando e enrolando o pergaminho, com os olhos dos castores na direção dele, absortos, como se aquilo fosse uma verdade universal. Depois de alguns segundos de silêncio, o castor que estava na frente perguntou ao sábio centauro.
- E você, Nedamus? Acha que isso vai realmente ajudar?
- Estou certo que sim. Os castores são habilidosos construtores e têm idéias que são bastante aproveitáveis. Se atrasarmos a Feiticeira, ela vai encontrar um povo preparado e unido para defender Nárnia.
- Então... - o castor se virou para os outros e perguntou em voz muito alta. - Quem vem comigo?
- EEEEEUUUUU!!! - todos levantaram as mãos e gritaram quase que em uma só voz. Com isso, o castor se virou para Nedamus novamente e perguntou.
- Quando partimos?
- O mais rápido possível. Preparem o que puderem levar na viagem, Óruns vai com vocês. Devem fazer conforme o seguinte plano...
E Nedamus mostrou a eles um mapa de Nárnia onde podia-se ver três pontos marcados próximos a uns morros. Segundo ele, seriam os lugares mais prováveis que serviriam de passagem para a tropa da Feiticeira. Também deu outras instruções e sugestões para os castores se organizarem na tarefa. Todos eles entenderam que seria importante que fizessem tudo certo. Em pouco mais de duas horas, todos os castores já estavam seguindo viagem na companhia de Óruns rumo ao norte, levando todo o material que necessitariam e alimentos. Descansariam no meio da madrugada e depois retomariam o trajeto, planejando toda a sorte de armadilhas para dificultar a passagem dos seguidores da Jadis. No meio do caminho, solicitaram a ajuda de algumas toupeiras, que seriam muito úteis em escavações. As que podiam, se juntaram ao grupo com toda a animação possível.
Mas no extremo norte de Nárnia, alguns grifos, águias e gaviões fizeram vigias em diferentes pontos para ver alguma coisa que indicasse que a Feiticeira estava chegando. Numa determinada tarde, um gavião viu que em uma certa distância havia uma grande movimentação e voou pouco mais próximo para se certificar. Ao ver quem eram, não teve dúvidas. Voou mais rápido que pôde para o vale dos centauros para avisar Nedamus. Só que no caminho encontrou a caravana dos castores e avisou Óruns sobre o que viu, retomando seu caminho logo em seguida. Isso fez com que os castores se apressassem ainda mais. Graças ao aviso, os castores chegaram rápido. Ao cabo de dois dias já estavam nos pontos marcados e já haviam começado com a tarefa combinada. Enquanto as toupeiras se encarregavam em fazer vários buracos para as armadilhas, os castores se encarregavam em usar as madeiras disponíveis. Óruns ajudava no que podia, carregando as madeiras que os castores necessitariam. Levaram um dia inteiro e uma parte de uma noite para que colocassem todas as armadilhas que planejaram. O trabalho deles tinha que ser rápido e conseguiram. Centenas de armadilhas foram colocadas em diversos pontos da floresta e próximo a elas. Logo que estavam todas prontas, eles seguiram viagem de volta para se juntarem ao outros narnianos. Só assim, sabiam eles, teriam mais tempo.
E estavam certos. A Feiticeira, orientada por Ginnarbrik, escolheu passar por entre dois montes, ao oeste da Charneca de Ettin, no extemo norte. Iria ainda demorar algum tempo para chegar lá, mas quando avistou-os, sentiu logo que já estava em Nárnia. Não tinha mais a árvore para bloquear a entrada dela no reino. Acompanhada de todos os seguidores, ela evitou paradas para descanso, justamente para não perder tempo. Podia-se ver a sede de poder nos olhos dela. Mas até que ela estivesse nas proximidades desses montes, a Rainha Cisne Branco já havia desembarcado e voltava a reinar em Cair Paravel. O exército estava aperfeiçoando os treinamentos e os narnianos estavam mais preparados. Mostravam todos mais disposição e confiança depois do regresso da Rainha, e nos salões do castelo havia muito comentário por conta disso.
Algum tempo depois, General Sperdan havia solicitado uma audiência com a Rainha logo após receber uma mensagem de Nedamus, que dizia que os narnianos estavam prontos a se juntar com o exército do castelo. Na carta, ele sugeria que o exército e os narnianos rumassem para o norte afim de interceptar a Feiticeira antes mesmo que ela entrasse de vez em Nárnia. Também avisava que a Feiticeira, junto com seguidores dela, estavam rumando para as montanhas do norte, justamente para as armadilhas que os castores fizeram. E nesse momento, o General cruzava os corredores de Cair Paravel ao encontro da Rainha, sendo acompanhado por Lorde Doran e Lorde Isarim, dois grandes conselheiros do reino. Lorde Doran era bastante influente em Nárnia, mas não tanto quanto Lorde Isarim, que era bem mais velho que os dois juntos. General Sperdan seguia no meio dos dois e abria a porta para a alameda que dava no jardim preferido da Rainha. E ela esperava por eles, trajando um logo vestido branco com detalhes dourados, tomando um chá na companhia de duas amas.
- General, Lordes. Que prazer em vê-los. - disse ela mostrando um sincero sorriso.
- Também estamos satisfeitos e vê-la, minha Rainha. Venho pedir permissão para levar o exército para o norte. Nedamus mandou notícias e sugeriu que no norte seria melhor para segurarmos a Feiticeira. - disse o General, entregando o pergaminho a Rainha. Ela abriu e começou a ler um trecho mas não terminou.
- Meu bom General, não precisa que eu autorize isso. Tem toda a autoridade numa hora dessas.
- Nedamus diz que ela está próxima das montanhas do norte. Vai passar justamente nas armadilhas que os castores montaram. - disse Lorde Doran.
- Então aquele anão está mesmo orientando a Feiticeira. Isso vai ser um problema para nós, General. - disse a Rainha, olhando de Lorde Doran para Sperdan, que respondeu.
- Nós só precisamos estar a um passo a frente dele.
- Mas ele conhece muito de Nárnia. É filho de Graarnes, que é muito nosso amigo. - reconheceu Lorde Isarim.
- Sei que Nárnia está segura com tanta gente disposta a ajudar, como temos agora. Lutar com essa Feiticeira não vai ser fácil. Já sabemos quantos são?
- São cerca de oito mil com a Feiticeira. - disse o General.
- Nisso temos a vantagem, Majestade. - Lorde Isarim comenta. - Só nosso exército é mais que esse número. E junto com os narnianos então...
- Mas como Nedamus diz na carta, números não vencem batalhas. - interrompeu Lorde Doran. - A Feiticeira Branca certamente tem um plano, e é muito esperta.
- Tem razão, Lorde. - disse a Rainha, mostrando preocupação. - Precisamos estar prontos para ela.
- Mas, Alteza, não está pensando em ir para o front. Está? - perguntou Lorde Isarim.
- Mas é claro que não. Eu sou uma dama, Lorde. Não me acostumo com essas guerras, que na verdade nem deveriam existir em Nárnia. Mas sei que elas são necessárias. Ou você acha que a Feiticeira Branca vai trazer um exército desse tamanho só para tomar chá conosco? - disse isso, levantando uma xícara do seu chá para tomar mais um pouco.
- Claro. Tem razão, Majestade.
- Então vamos. - disse Lorde Doran. - Temos um problema para resolver lá fora.
E os três fizeram uma reverência e se viraram para se retirar, mas a Rainha interrompeu.
- General, fique um pouco. Preciso conversar com você à sós. - e olhou para as amas de companhia, que entenderam o olhar e se levantaram para acompanhar os dois lordes.
A Rainha convidou o General para se sentar e esperou até que estivessem realmente sós. Depois de algum tempo, tomou mais um pouco do seu chá e começou dizendo a Sperdan.
- General, sabe que confio em você. É o meu mais fiel súdito e amigo.
- Sim, Majestade. Estou sempre à sua disposição.
- Preciso te contar uma coisa. Noite passada tive um sonho. Sonhei com nosso Grande Leão. Mas esse sonho me foi perturbador.
- Mas como um sonho com Aslam pode ser perturbador, minha Rainha? - perguntou o General, meio confuso.
- Vou te contar. Sonhei que eu estava em um bosque. Era muito bonito, mas não era Nárnia. E isso estava me incomodando. Eu caminhava por entre as árvores e não encontrava ninguém. Às vezes encontrava um ou outro lago e havia um rio que, por mais que eu procurasse, não conseguia saber de onde vinha e nem para onde seguia.
- Que estranho. - sussurrou Sperdan.
- O estranho é agora. - continuou a Rainha.- Andei muito até que encontrei uma parede de vidro enorme, e do outro lado estava ele. Mas Aslam estava enorme. Ou parecia que era gigantesco, ou eu e o bosque estávamos muito pequenos. Era como se eu estivesse dentro de uma caixa de vidro. Só que quanto mais ele me olhava, mais triste ele ficava, pois ele ouvia minhas súplicas. Eu pedia a ele que me tirasse de lá, mas ele não podia fazer nada.
- E depois? - quis saber o General.
- Depois eu acordei. E estou com esse sonho na minha cabeça até agora.
- Talvez deva consultar...
- Não vou consultar ninguém por causa desse sonho. - interrompeu a Rainha, olhando direto para os olhos do General. - É bobagem. Se esse sonho era pra me dizer alguma coisa, vou ficar sabendo com o tempo. Temos coisas mais urgentes para nos preocupar.
- Como queira, Majestade.
O General entendeu o que a Rainha quis dizer com isso, prestou uma reverência, e se retirou se encontrando logo com os dois Lordes que estavam a caminho da saída do castelo. O exército estava esperando lá e, quando os três chegaram, ficou acertado que o General seguiria com o exército e os dois Lordes ficariam com a Rainha.
E assim o exército de Cair Paravel rumou para o norte, para se encontrar com os narnianos. Traziam nas vestes, nas flâmulas e nos escudos algo diferente. Além da habitual figura do Leão em posição de ataque, havia uma enorme árvore fazendo fundo com este. Foi a forma que encontraram para homenagear a árvore que foi destruída recentemente e que protegia Nárnia. Foi um longo caminho e levaram dois dias até chegarem no local combinado, mas por onde passavam, ganhavam vivas e saudações de todos que encontravam pelo caminho, sendo que o mesmo aconteceu quando se encontraram com os narnianos que iriam para a batalha. Nedamus, acompanhado de seu discípulo, Óruns, foi quem recebeu o General.
- General Sperdan, que satisfação em vê-lo. Só gostaria que as circunstâncias fossem outras.
- Eu também, meu bom Nedamus. - respondeu o General. - Mas infelizmente não imaginamos que aconteceria assim.
Enquanto os três conversavam, os anões, faunos, texugos, centauros, ursos e os outros animais se misturavam ao exército, que em sua maioria era de descendentes de Filhos de Adão. Todos discutiam e trocavam informações. Mas enquanto eles se reuniam para seguir para as montanhas, a Feiticeira já chegara no vale que existe entre dois morros. Enquanto seus seguidores continuavam no caminho, ela contemplava o lugar. Viu um grande lago que havia na região e teve um pensamento que resolveu dividir com seu comandante e com o anão que a acompanhava.
- Ginnarbrik, Otmin. Esperem. - a Feiticeira fê-los parar e começou a dizer o que queria. - Marquem bem este lugar. Será aqui meu castelo.
- Mas e Cair Paravel? A senhora não se interessa por ele? - perguntou Ginnarbrik.
- Nem um pouco. - respondeu Jadis. - Por mim, será abandonado. Quero que construam meu castelo naquela pequena ilha no meio do lago, com grandes torres e um enorme portão de entrada. - e os dois olharam tentando acompanhar a imaginação da Jadis. Foi quando eles foram surpreendidos pelos gritos dos que seguiam à frente e viram que a caravana parou por algum problema. A Feiticeira foi a primeira a ir para o local e verificar o que estava acontecendo.
- O que há? Porque todos pararam? - perguntou ela em tom desafiador.
- São armadilhas, minha Rainha. Tem delas por todo lado. - respondeu um gnomo.
- Não podemos prosseguir assim. - disse também um ciclope.
A Feiticeira deu uma boa olhada no local e viu que havia muitos dos seus caídos em buracos, alguns presos nas árvores da floresta que havia próxima e um ou outro esmagado pelas grandes toras que os atingiram.
- Não é possível. - sussurrou a Feiticeira, quando Ginnarbrik e o minotauro chegavam próximos a ela. O minotauro fez um gesto que fez parar o restante do grupo que se aproximava e o anão reconheceu o que estava acontecendo.
- São armadilhas... Foram os castores.
- Como disse? - perguntou a Feiticeira quando ouviu as palavras do anão.
- Que essas armadilhas foram os castores que fizeram. Os cortes nas árvores são inconfundíveis.
- Então foi você que nos trouxe para essa armadilha? Como ousa? - a Feiticeira concluiu, levando a sua varinha para o pequeno pescoço do anão, que sentiu calafrios na espinha.
- Não, minha Rainha. Não imaginava que isso fosse acontecer. Jurei fidelidade à senhora. - disse Ginnarbrik tentando esconder sua tremedeira nas pernas.
- Então acha que isso pode ter sido obra apenas dos castores? - perguntou Jadis, um pouco mais calma, tirando a varinha de perto do anão.
- Não creio. Os castores devem ter feito isso a mando da Rainha Cisne Branco ou de outro alguém. Talvez de Nedamus, o centauro. Estou certo que há centenas dessas armadilhas, talvez milhares.
A Feiticeira olhou um pouco mais ao redor e, depois de alguns segundos de pensamento, se virou para o comandante Otmin.
- Comandante, depois que tomarmos Nárnia, você será proclamado General. E sua primeira tarefa será exterminar todos os castores que encontrar.
- Entendido, minha Rainha. - respondeu o minotauro.
- Por agora, quero que convoque alguns gigantes para desmontar essas armadilhas o suficiente para que nossa tropa passe para o outro lado da floresta. Vamos montar acampamento por aqui mesmo até podermos atravessar.
Logo que recebeu essas ordens, o Comandante Otmin tomou as providências. Ginnarbrik se encarregou do acampamento juntamente com outros lacaios da Feiticeira. Ela notou que aquelas armadilhas eram justamente para atrasá-la e pôs-se a pensar em outros planos, caso já tivesse alguém esperando por eles. Ela não foi muito longe, pois o exército junto com os narnianos já seguiam para aquela direção afim de surpreender a Feiticeira.
Naquele mesmo dia, a Rainha Cisne Branco resolveu fazer uma pequena viagem para visitar o local onde a árvore foi destruída, na companhia de Lorde Doran e Lorde Isarim e dos seus ajudantes particulares. Quando chegou, sua carruagem parou próxima, mas não encontrou ninguém, a não ser algumas dríades que estavam tristes ainda pela perda da árvore. De longe, sem descer da carruagem, a Rainha comentou com Lorde Isarim que estava ao seu lado.
- Só de olhar já sinto uma profunda tristeza. Nos acostumamos demais a ela. Ainda não acredito que foi destruída.
- Eu mesmo já sinto a falta dela. - respondeu o lorde, com pesar nos olhos.
- Essa Feiticeira deve pagar pelo que fez. Que nossas tropas consigam nos livrar dela de uma vez por todas.
- Vosso desejo também é o meu, Majestade. - disse o lorde, olhando para os olhos da Rainha. - Vai querer descer?
- Não me sinto bem. É como se um vazio se apoderasse de mim só estando nesse lugar. Vamos voltar para o castelo.
E com essa ordem, a comitiva da Rainha voltou para Cair Paravel, deixando para trás as dríades e as árvores do bosque ainda tristes.
Naquela época, o norte de Nárnia era bastante tomado por uma vasta floresta, havendo uma bem larga por entre os dois montes do norte, onde estava o acampamento da Feiticeira, e um descampado, que os narnianos escolheram para ficar. Se havia um lugar propício para uma batalha, seria ali. Enquanto Nedamus, Óruns, Graarnes e outros líderes narnianos se reuniam com o General Sperdan e seus capitães, numa espécie de conselho de guerra, alguns grifos e águias ficaram encarregados de sobrevoarem os montes do norte e obter informações, mas de modo que evitassem serem vistos. Mas não adiantou. Comandante Otmin, que por acaso olhava o céu em um certo momento, viu um grifo que sobrevoava o local, e acho estranho pois, naquele mesmo dia, tinha visto outros dois. O minotauro resolveu falar com Jadis, que estava descansando em sua tenda.
- Minha Rainha, estamos sendo observados. Já vi alguns grifos sobrevoando por aqui e acho que estão nos observando para informar a alguém.
- Será o exército deles? - perguntou a Feiticeira.
- Tenho certeza que sim. Talvez não estejam longe.
A Feiticeira se virou para Ginnarbrik e perguntou.
- O que há além da floresta? Essa que está com as armadilhas dos castores?
- Tem um grande descampado, duas cavernas e é caminho do rio que começa nesse lago no meio dos montes. - com a resposta do anão, a Feiticeira logo entendeu que, se os narnianos estivessem próximos, o local da batalha já estava escolhido.
- Comandante, temos como passar pela floresta sem sermos atingidos pelas armadilhas?
- Ainda não, minha Rainha. Mas talvez uns gnomos ou répteis possam passar por entre elas. - respondeu o minotauro.
- Perfeito. Vamos fazer o mesmo que eles. Mande alguns dos gnomos e répteis que puderem passar para espionar e nos trazer notícias. Assim será melhor para planejarmos tudo.
E o minoutauro cumpriu as ordens da Feiticeira. Mandou que aqueles, entre os fiéis, que pudessem se esgueirar por entre as árvores para evitar as armadilhas procurassem alguma informação útil. Assim se seguiu por quase dois dias. Ao mesmo tempo em que os narnianos tinham a localização exata da tropa da Feiticeira, ela também tinha informações precisas sobre o exército narniano. Logo o minotauro dava notícias à Jadis de que já poderiam passar pela floresta com segurança, ao mesmo tempo em que ela formulava um plano para colocar em prática. E quando o exército dela começou a atravessar por entre as armadilhas desmontadas, o minotauro mandou que a maioria, inclusive os gigantes, aguardasse no acampamento - fazia parte do plano.
Do lado narniano havia muita expectativa. Já sabiam que a tropa da Feiticeira estava avançando para eles e também tinham planejado os ataques. Enquanto aguardava, pouco afastado do exército, um fauno se sentou para descansar. Assim como aos outros estava apreensivo, que o fez quase não notar alguém o chamando de pai.
- Pai... - uma voz que para ele vinha dos arbustos continuava chamando, mas ele não conseguia localizar a origem. Apenas fazia idéia de quem era.
- Pai, sou eu. Estou aqui. - finalmente conseguiu distinguir um pequeno fauno, seu filho, e no mesmo instante mostrou extrema preocupação. Correu na direção do arbusto onde o faunozinho estava escondido.
- Tumnus, o que está fazendo aqui? É muito perigoso.
- Segui o exército. Estava te procurando. - respondeu o pequeno fauno.
- Mas o que está pensando? Não deveria estar aqui. E o seu irmão?
- Ele ainda está com Nanane e os filhos dela. Ele está em segurança, por isso eu vim. Quero ajudar a expulsar essa Feiticeira.
- Não, meu filho. Você é muito novo e precisa cuidar do seu irmão. Ele é mais novo que você, esqueceu? - Jiromnum disse isso, fazendo com que o pequeno fauno abaixasse a cabeça, meio que com vergonha do erro que cometera.
- Não senhor. Só achei que pudesse ser mais útil aqui.
- É muita coragem sua, fico orgulhoso disso. Mas será mais útil cuidando de seu irmão. Logo os seguidores da Feiticeira estarão aqui e devemos lutar com eles. Você deve sair logo.
Nisso, um grifo viu que o fauno não estava sozinho e foi conferir o que estava acontecendo.
- Algum problema, Jiromnum? Tumnus, que faz aqui? - perguntou o grifo ao notar o filho do fauno. Antes que Tumnus respondesse ao amigo, Jiromnum interveio.
- Ele seguiu o exército atrás de mim. Mas já o adverti que o lugar dele não é aqui. Será que você pode deixá-lo em um lugar seguro?
- Mas claro. - respondeu o grifo. - Vamos Tumnus. Você deve deixar esse local. – e o fauno acompanhou o grifo, levando um Tumnus triste embora, com lágrimas nos olhos e um aperto no coração.
Mas logo General Sperdan deu ordens para o exército narniano se posicionar. Estavam na parte sul do descampado, de modo que ficavam afastados do local onde os seguidores da Jadis apareceriam. Já sabiam que a qualquer momento iria acontecer. Óruns que estava em uma posição estratégica, viu que havia uma certa movimentação na floresta e fez sinal para o General e Nedamus informando, que fez com que os dois mandassem a primeira tropa os acompanharem. Pararam quando o General visualizou aquele grande minotauro no meio de tantos seres dos mais estranhos aos olhos narnianos. Eram gnomos, ciclopes, vampiros, minojavalis, ogros e outros animais perigosos. Ao contrário de Nedamus, não achou estranho os seguidores da Feiticeira estarem em menor número do que o informado. O General só pensava que somente a primeira tropa de Nárnia seria suficiente para aqueles que apareceram.
- Não entendo. Onde estão os gigantes? E a Feiticeira? - Nedamus disse pra si mesmo, notando algo estranho no ar. Logo a brisa fresca daquela tarde era cortada pelo grito do minotauro que estava mais próximo.
- Narnianos. Já sabem por que estamos aqui. - disse ele, segurando sua enorme clava, olhando direto para o General e Nedamus. - A minha Rainha manda que entreguem o Reino e essa guerra pode ser evitada.
O General se virou para Nedamus e comentou.
- Rainha? - depois, numa troca de olhar, os dois se entenderam. O General empunhou sua espada, se virou para a tropa e gritou.
- Narnianos... Vamos defender nossa terra! – o general fez seu cavalo galopar tendo atrás de si enorme número de narnianos gritando e prontos para a batalha.
Eram anões, panteras, ursos, texugos, cavalos, centauros, macacos, rinocerontes, tigres e outros animais. Todos misturados aos Filhos de Adão. Não demorou muito para o embate de forças. Os animais de Nárnia lutavam com vontade contra os da Feiticeira e os Filhos de Adão do exército mostravam muita destreza no trato com as armas. Parecia até que os seguidores de Jadis não estavam preparados. Mas era uma briga forte, que estava sendo observada e estudada de longe pela própria Feiticeira. Acompanhada por Ginnarbrik, que procurava informá-la de quem era quem entre os líderes de Nárnia, ela se posicionou em um lugar ermo da floresta para estudar a força dos narnianos. Prestava atenção a cada movimento e a cada grito de ordem que ouvia. Não deixou que a luta se estendesse por muito tempo. Em pouco mais de uma hora, fez sinal para o Comandante Otmin que, de longe, reconheceu a ordem para recuar com a tropa. E assim o fez. Deu um grito mandando que todos os fiéis da Feiticeira recuassem para o acampamento, deixando os narnianos ainda mais contentes, acreditando em uma primeira vitória.
Houveram poucas baixas entre os fiéis da Feiticeira. E entre os narnianos, quase nenhuma. Com o grito de guerra sendo repetido, os narnianos comemoraram o sucesso inicial. Mas nem todos pensavam assim. Nedamus discutia com o General sobre o primeiro embate.
- Nedamus, meu bom amigo. Fique feliz conosco. Isso vai ser bom para estarmos preparados para uma próxima batalha. - disse Sperdan, no meio dos narnianos.
- Discordo, General. A Feiticeira não mostrou nada da sua força aqui. Pra mim, ela planeja algo, e é algo muito sério.
- Depois conversamos então. Vamos nos reunir mais tarde. - respondeu Sperdan que se voltou para comemorar com a tropa.
Logo mais ao anoitecer, se reuniram antes do esperado. Pois um duende e dois ciclopes foram levar para o General um recado da Feiticeira. Ele leu esse recado para o conselho e ficou perturbado, pois não esperavam que Jadis fosse fazer tal pedido.
- Talvez queira se render. - disse Graarnes que tinha ouvido atentamente o General.
- Não creio. - disse Óruns. - Ela não precisaria da nossa Rainha para isso.
- Poderíamos ignorar esse pedido. - sugeriu o urso Caixalote.
- Começo a concordar com você, Nedamus. - disse o General. - Pode mesmo a Feiticeira ter um plano maléfico contra nós.
Nedamus fez sinal positivo com a cabeça para Sperdan, que perguntou.
- Mas por que será que ela precisa da nossa Rainha?
- Só há uma maneira de saber. - respondeu o sábio centauro. - Melhor deixarmos a decisão com a Rainha.
E o General deu ordens de mandarem um recado pelos mensageiros da Feiticeira, de que o pedido seria enviado a Cair Paravel, e mandou um grifo levar esse recado, e as notícias recentes, à Rainha Cisne Branco.
Todo narniano sabe de que os grifos voam mais rápido que os gaviões ou as águias. E o momento pedia muita urgência, o que foi entendido pelo grifo Solarus, que não demorou mais que um dia para chegar até a Rainha. Quando ela leu a mensagem, na presença de seus lordes, achou muito estranho.
- Por Aslam, será que terei que ir mesmo? - perguntou a Rainha, abaixando o pergaminho com a mensagem.
- Receio que sim, Majestade. - disse Lorde Doran, que foi retrucado pelo Lorde Isarim.
- Cavalhadas, não é possível. Vossa Majestade não precisa ir. Seja o que for que essa maluca queira, não é necessário a presença da nossa Rainha.
- E se for uma rendição? E se ela quiser um acordo? - perguntou de novo a Rainha.
- Alteza. Acha que ela viria até Nárnia, com tamanho exército, só para propor um acordo? Que acordo seria? Não acredito em nada disso. Não precisamos fazer acordo nem nada. - Lorde Isarim respondeu à ela, que se virou para o outro lorde e perguntou.
- Lorde Doran, enviaste resposta ao oferecimento de tropas da Arquelândia?
- Sim, Majestade. Mandei resposta ontem mesmo, avisando que nosso exército já rumou para o norte. Mas receio que eles demorarão a chegar até lá. É um logo caminho.
- De qualquer forma, a ajuda deles é bem-vinda. - sentada em seu trono, a Rainha deu um logo suspiro e disse. - Pois bem. Eu vou até o norte. Vou saber o que a Feiticeira Branca quer comigo.
Os dois lordes se entreolharam espantados com a decisão, mas não tentaram convencê-la do contrário, pois sabiam que quando a Rainha decide, não volta atrás.
Os serviçais do castelo foram rápidos nos preparativos da viagem. E tão rápida ainda foi a própria viagem, que demorou apenas três dias. Enquanto a comitiva da Rainha passava por entre o exército narniano, ganhava vivas e saudações de todos. Todos achavam que Cisne Branco era a melhor jóia que Nárnia possuía, por isso, todos aclamavam seu nome. Logo a carruagem parou próximo do General, de Nedamus e outros líderes narnianos para que estes recebessem os viajantes com sincera reverência. Enquanto desembarcava, a Rainha acenava para os narnianos que continuavam eufóricos com a visita dela.
- Meu bom General. Me atrasei? - perguntou a Rainha.
- Na verdade, chegou cedo. O encontro é ao cair da tarde.
- Meu amigo, Nedamus. Há quanto tempo. - cumprimentou a Rainha, ao ver o centauro.
- É verdade. Já faz algum tempo que não nos víamos. - respondeu ele. - Majestade, a senhora entende que esse encontro é bastante perigoso. Não é mesmo? - perguntou Nedamus, mostrando preocupação.
- Sim, entendo. Mas, infelizmente, tem coisas que precisam ser feitas. Nárnia não pode se subjulgar a ela.
- E a Rainha não estará sozinha, vou com ela. - disse Lorde Isarim quando se aproximou, que por causa de sua estatura, seria facilmente confundido com um anão.
- Por Aslam, você ainda não entendeu que não preciso de babá? - perguntou a Rainha, se virando para o Lorde.
- E Vossa Alteza ainda não entendeu que não vou deixá-la sozinha com a Feiticeira? - retrucou ele.
A Rainha deu um longo suspiro, mostrando cansaço daquela conversa. Lorde Doran e General Sperdan eram os únicos acostumados com essas discussões entre a Rainha e Lorde Isarim. Por vezes elas chegavam a ser bem acaloradas. E quando Doran chegou perto do General, sussurrou.
- Liga não. Vieram discutindo essa questão por toda a viagem. - o General mostrou que entendeu com um aceno positivo com a cabeça. Os outros procuravam mostrar uma certa indiferença, pois conheciam as discussões entre a Rainha e o Lorde. A Rainha continuou dizendo.
- O encontro é pra ser só nós duas. Como uma conversa entre mulheres.
- Isso está fora de questão. - respondeu ele. - Já discutimos isso na viagem.
- Está bem. Desde que você fique quieto.
Lorde Isarim apenas balançou a cabeça em sinal de reprovação.
- Vamos montar guarda na frente da caverna para o caso de haver algo errado. - disse o General para a Rainha.
- Pois bem. Vamos combinar assim. Me dêem duas horas com ela. Se eu ou o Lorde não aparecermos até esse tempo, podem entrar na caverna. - disse ela notando que todos entenderam essa ordem.
Enquanto aguardavam o momento do encontro, fizeram um grande banquete para a Rainha. Havia refeição e vinho bastante para o triplo do exército narniano. Ela conheceu muitos dos quais ainda não conhecia e todos festejaram a presença dela. E no outro lado da floresta, entre os montes, os seguidores de Jadis recebiam, no acampamento, instruções do Comandante Otmin quanto aos próximos ataques. Tudo o que foi planejado pela Feiticeira, que já seguia o caminho da caverna onde seria o encontro.
Agora, o que me referi á algumas linhas antes, sobre fatos não esclarecidos quanto à Rainha Cisne Branco, transcrevo aqui. Nessa parte, há muitas suposições do que teria acontecido nesse encontro da Feiticeira com a Rainha. Mas a versão mais aceita, e que há de testemunhos mais válidos, é a seguinte:
Na hora marcada, Jadis esperava pela Rainha na frente da caverna, que chegou acompanhada de Lorde Isarim. General Sperdan, Nedamus, Óruns e Lorde Doran, além de alguns narnianos, ficaram afastados, por entre a floresta, na expectativa de acontecer alguma coisa errada. Qualquer movimento estranho, e eles entrariam pela caverna para salvar a Rainha e seu acompanhante. Mas, por causa da distância, não puderam ouvir o que os três conversaram antes de entrar. Depois que entraram, Nedamus comentou com Óruns.
- Agora não há nada que possamos fazer além de esperar. Que tudo ocorra bem. - desejou o centauro, e Óruns concordou com ele.
E esperaram por bastante tempo. Foram uma hora e meia de angústia até que General Sperdan bradou.
- Chega, vou entrar. - mas foi segurado por Nedamus, que viu alguém saindo da caverna.
Era a Feiticeira que saía, em passos lentos, segurando sua varinha na mão esquerda, e com o rosto tranqüilo e um sorriso que indicava vitória. Olhou em direção dos narnianos (de alguma forma, ela sabia que a Rainha seria vigiada), parou por alguns instantes e se virou, voltando a caminhar calmamente na direção do acampamento dela. A preocupação e o espanto tomaram conta daqueles que esperavam pela Rainha. Sperdan e Nedamus se entreolharam preocupados. Foi o General quem correu primeiro para a caverna, seguido pelos outros. Quando entraram, começaram a procurar pela Rainha, mas nada foi encontrado. Somente uma estátua que estava em pedaços pelo chão da caverna.
- Que pedras são essas? Parece uma estátua. - observou Óruns, que estava mais próximo. Lorde Doran se aproximou e reconheceu o que sobrou da estátua.
- Pela juba do Leão. É Lorde Isarim. Mas como aconteceu? - perguntou perplexo.
Todos se aproximaram para conferir a identidade da estátua, e se espantaram ao saber de quem era. Sperdan olhou em volta e mandou que todos vasculhassem a caverna à procura da Rainha. Ele próprio encontrou umas marcas na terra na borda do pequeno lago e mergulhou para saber se a Rainha estaria dentro dele. Apesar de a água do lago ser bastante cristalina, não era muito profundo, nem muito raso. O General logo percebeu que não havia como a Rainha ter caído naquele lago. Voltou para a superfície e na borda do lago perguntou se alguém tinha encontrado, mas teve somente respostas negativas. Sem sair do lago, olhou o chão e, meio que por acaso, encontrou o broche preferido da Rainha Cisne Branco - Um broche com o rosto de Aslam estampado em prata.
- Algo de muito estranho aconteceu aqui. Se a Feiticeira matou a Rainha, então temos que encontrar alguma coisa. Esse broche é o preferido da Rainha. Ela não sai de Cair Paravel sem ele. - disse o General.
- Vamos procurar mais uma vez. - disse Nedamus, preocupado, que foi obedecido por todos. Só que mais uma vez, não viram nada além de pedras, terra e a estátua de Lorde Isarim em pedaços.
- Vasculhamos até os fundos da caverna. Não há nada por aqui. - disse Óruns acompanhado por Graarnes e outro anão.
- O que pode ter acontecido por aqui? - perguntava Lorde Doran, confuso.
- Parece que não há como saber. - disse Nedamus. - Mas precisamos voltar para o exército. Se eu estou certo, a Feiticeira deve atacar a qualquer momento.
O General apenas concordou com o centauro, segurou firme o broche que encontrou e baixou a cabeça, guardando para si a revolta pelo sumiço da Rainha. Assim, eles saíram da caverna, cabisbaixos, como se o mundo não mais existisse.
Há quem diga que General Sperdan saiu da caverna carregando o corpo da Rainha, mas isso nunca foi confirmado por ninguém. O desaparecimento da Rainha, se é que exista algo que esclareça, por alguma razão, foi omitido dos documentos oficiais de Nárnia.